Aplicado ao turismo, o conceito de desenvolvimento revela a necessidade de planejamento constante, pois o crescimento desorganizado pode descaracterizar os atributos que levam o turista ao destino, prejudicando a própria prática da atividade. O planejamento turístico deve priorizar a qualidade dos serviços, as identidades culturais e os patrimônios naturais, a fim de atender aos turistas e beneficiar, também, os moradores da localidade.
O trabalho de conclusão do Curso de Lazer e Turismo, da Escolas de Artes, Ciências e Humanidades da USP, da aluna Bárbara de Oliveira, analisou as contribuições do turismo para o desenvolvimento socioeconômico do município de Jundiaí (SP). Para tanto, reuniu informações referentes aos atrativos, à infraestrutura e aos serviços turísticos da cidade, obtidas junto à Prefeitura Municipal, por meio de formulário de coleta de dados do modelo Observatur - Indicadores de Gestão e Desenvolvimento do Turismo. O modelo estrutura-se em dimensões e elementos: - Econômica: IDH, renda, infraestrutura e serviços gerais, meio ambiente, assistência social, configuração da oferta e caracterização da demanda do turismo; - Cultural: aspectos históricos, acervos e incentivos, preservação e autenticidade, produtos e atrativos, animação, participação e motivação da comunidade; - Organizacional, cooperação, planejamento e gestão integrada (governança) entre os setores público e privado, marketing e eventos, divulgação e imagem.
Os elementos do modelo fundamentaram as questões fechadas e abertas da coleta de dados, entendidos como indicadores quantitativos e qualitativos. Os gestores da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Turismo da Prefeitura de Jundiaí responderam às questões. Outros dados foram obtidos no site da Prefeitura e em sites de institutos de pesquisa. O período da coleta foi de julho a dezembro de 2020.
O município situa-se a 49 km da capital e pertence à região administrativa de Campinas. Tem 431 km² de extensão e população de, aproximadamente, 423 mil habitantes (IBGE, 2020). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,822, e o PIB per capita é de R$ 105.187,65 (IBGE, 2020). Jundiaí é uma das melhores cidade do país em qualidade de vida, em razão do saneamento básico, da educação e, também, do baixo índice de mortalidade infantil (IBGE, 2020). Outros fatores de destaque são: salário maior que a média do país, atração de empresas, profissionais qualificados e saldo positivo de empregos na indústria.
Nas oferta de atrativos culturais (turismo rural) e naturais (turismo ecológico), além do turismo de negócios e eventos, geram-se empregos e renda. Parte do sucesso desses segmentos turísticos advém do fato de Jundiaí participar do Circuito das Frutas, que integra os municípios no roteiro turístico regional , por meio de ações como produção de material para divulgação das propriedades da região.
Nos três anos anteriores à pandemia da Covid-19, o número de turistas aumentou gradativamente; em 2019, foram 1.073.192. Sobre a sua procedência, a Prefeitura informou os seguintes dados: São Paulo 33%, Grande São Paulo 30%, interior de São Paulo 29%, outros estados 6%, litoral paulista 2%, outros países 1%. Em relação ao setor hoteleiro, há 18 meios de hospedagem, totalizando 1.484 unidades habitacionais. O gasto médio diário, por um turista, incluindo pernoite em hotel, é de U$ 120, no segmento de negócios, e de U$ 70,53, no segmento de lazer. A taxa média mensal de ocupação hoteleira era de 62,4%, até 2019.
Acerca dos pontos a melhorar, embora o turismo não seja a principal atividade econômica do município, há potencial para expansão, em relação aos 4,5% da renda gerada pelo setor. A melhoria da infraestrutura, como as placas de sinalização, e dos serviços gerais, facilitaria o ambiente dos negócios turísticos da cidade. É importante ampliar a capacitação de pessoas, para atuação nos diversos segmentos, como estratégia de suprir lacunas de qualificação dos serviços do setor privado.
Na divulgação e no fortalecimento da imagem turística, as estratégias seriam: parcerias com veículos de comunicação locais e externos e investimento na contratação de profissionais especializados. A sistematização e a atualização de indicadores de gestão pública e privada são fundamentais para o planejamento e a gestão estratégica da atividade.
Para pesquisas futuras, a autora propõe temas sobre a participação da comunidade local e o desempenho dos segmentos empresariais, como hotelaria, gastronomia e operadores, além da atratividade e da sustentabilidade natural e cultural. Abordagens de clusters e de governança regional podem fundamentar novos estudos sobre o turismo de Jundiaí e de outros municípios do Circuito das Frutas, contemplando as possibilidades de inovação para a competividade turística. É imprescindível considerar os impactos da crise causada pela pandemia da Covid-19, pois a pesquisa contemplou os indicadores de 2019 e de anos anteriores.
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