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LABORATÓRIOS PARA INOVAÇÃO E A RETOMADA SAUDÁVEL DO TURISMO EM UMA SOCIEDADE PANDÊMICA

Atualizado: 20 de mai. de 2021

Magnus Luiz Emmendoerfer*

Falar sobre turismo em um contexto de pandemia, causada pela proliferação acelerada da doença de síndrome respiratória aguda nos seres humanos, denominada Coronavirus Disease 2019 (Covid-19), pode ser motivo de estranhamento, quiçá, de angústia, e até mesmo, de repúdio, porque as pessoas estão relativamente impedidas de viajar, por intervenções governamentais e por recomendações de organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).


A despeito disso, historicamente, o turismo tem sido um setor que tem propiciado que municípios, regiões e países superassem crises e retomassem o desenvolvimento, principalmente, econômicas, em razão do conjunto de atividades produtivas, comerciais e de serviços, que esse setor movimenta. Um caso de sucesso é Portugal e a forma como suas instituições estão lidando com a crise da Covid-19.


Ao mesmo tempo, com a crise, observa-se a sensibilidade do setor do turismo, cuja cadeia produtiva (hospedagem, transporte, alimentação, entretenimento, eventos etc) foi significativamente afetada pela necessidade de reduzir os fluxos de pessoas. Práticas de distanciamento, de isolamento social, e associadas à política “safe & clean”, estão possibilitando um imediato enfrentamento da Covid-19, assim como seu rápido avanço frente a uma limitada capacidade de atendimento dos sistemas de saúde em escala global.


Diante disso, observa-se que a saudabilidade torna-se um critério importante, a ser praticado e fiscalizado em espaços e atrativos, utilizados, principalmente, para o turismo. Isso torna desafiante a gestão de empreendimentos turísticos, e a noção de laboratórios para inovação revela-se uma concepção que pode ser cada vez mais aplicada, embora, sua presença e aplicação sejam ainda incipientes no setor.


Laboratórios para inovação (Labs) são espaços físicos e/ou virtuais colaborativos, onde as pessoas realizam experimentações para testar ideias e projetos, que possam entregar algo de valor aos envolvidos, respeitando a diversidade e a sustentabilidade. Assim, os Labs buscam estimular, inicialmente, uma comunidade colaborativa de pensadores (thinkers), para propor soluções para problemas complexos, visando a extrair potenciais projetos, que possam ser concretizados e efetivados por meio de makers (fazedores/realizadores). Quem já ouviu algo sobre laboratórios vivos (living labs), ou laboratórios de fabricação rápida (Fablabs) com impressoras 3D, ou a laser, sabe que eles fazem parte do movimento global de laboratórios para inovação.


No turismo, os laboratórios para inovação podem atuar de forma territorial e por projetos, sua concepção pode inspirar organizações públicas e privadas, bem como, conselhos gestores de turismo, a agirem de forma criativa e inovadora, sob essa lógica, para estimular uma governança colaborativa do turismo sustentável e, acima de tudo, saudável. Ressalta-se que não existe um modelo de laboratório para inovação e desenvolvimento do turismo, cada território terá que pensar o seu “modelo”, ou, principalmente, o seu modo de fazer inovação no turismo.


Aos interessados em maiores conhecimentos sobre laboratórios para inovação, especialmente, com perspectivas para o desenvolvimento do turismo criativo, como alternativa para o turismo massificado, em uma sociedade pandêmica, recomenda-se capítulo, no link a seguir, do livro, “Dinâmicas do Turismo Criativo”, publicado em 2020, pela Universidade do Algarve, Portugal, cujo texto está em língua inglesa. Se por um lado, tal conhecimento pode ser ainda um desafio para os países em desenvolvimento, como os da América Latina, por outro lado, é necessário saber que boa parte dessa literatura de inovação é em língua inglesa, em razão de essa linguagem ser um meio de conexão e de intercâmbio entre Labs locais com outros do movimento global.

Emmendoerfer, M. L., Olavo, A. V. A., Silva-Junior, A. C., Mediotte, E. J., Ferreira, L. L. (2020). Innovation lab in the touristic development context: perspectives for creative tourism. In A. R. Gonçalves, J. F. Marques, M. Tavares & S. M. Cabeça (eds.) Creative Tourism Dynamics: Connecting Travellers, Communities, Cultures, and Places (pp.87-101). Coimbra: Editora Grácio. Recuperado de https://sapientia.ualg.pt/ bitstream/10400.1/14104/1/ Creative_Tourism%20_Dynamics_ebook%20.pdf

* Conheça mais sobre este autor em: http://lattes.cnpq.br/0919407313173824

O pesquisador é membro deste Observatur e faz parte do Grupo de Pesquisa em Gestão e Desenvolvimento de Territórios Criativos na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.


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