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OBSERVATÓRIOS DE TURISMO: ABORDAGENS CONCEITUAIS

Ainda que o objetivo da pesquisa não seja a criação de um observatório de turismo, agrega-se fundamentação teórica sobre esse modelo de coleta e sistematização de dados e informações e de governança, em razão da inerente analogia entre as finalidades de ambas as atividades, a pesquisa acadêmica e o modelo do observatório.

Destaca-se a revisão teórica, realizada pelo professor Michel Bregolin (2018), em sua tese de doutorado, que apresenta um método para análise da estrutura de valor dos observatórios de turismo da Europa e da América Latina. Entre os conceitos da fundamentação teórica, estão a gestão do conhecimento e a inteligência territorial em turismo.

A revisão bibliométrica da tese identificou 98 publicações acadêmicas sobre observatórios de turismo no contexto de estudo. Apoio ao planejamento, divulgação e comercialização, governança e monitoramento são finalidades identificadas da sistematização dos objetivos da criação dos observatórios. Bregolin (2018) identificou, também, mais de 80 publicações não acadêmicas sobre o tema, a maioria na França. Bregolin (2018, p. 38) sistematizou conceitos de vários autores, conforme se apresentam a seguir.

Observatório é “ferramenta que permite uma melhor comunicação da imagem do destino para todos os seus parceiros. Representa ainda uma ferramenta de animação, de aconselhamento, de informação, mais do que um verdadeiro organismo institucional” (Despontin, 1989, p. 10).

Com a mesma terminologia e abordagem da finalidade, é “ferramenta de gestão do conhecimento dos destinos turísticos [...]. Centro de conhecimento que atua como promotor e coordenador de um processo compartilhado de desenvolvimento da competitividade do destino. [...] Fator de coesão social e promotor de uma orientação para serviços” (Varra; Buzzigoli; Loro, 2012, p. 375).

Agregam-se novas ideias ao significado: “ferramenta de inteligência turística estável, encarregada de observar a realidade, analisar a dinâmica e prover os resultados a todos os agentes de um destino” (Franch; Contreras, 2013, p. 25).

O caráter científico fundamenta o conceito de que é “ferramenta da ciência da informação, que quando devidamente usado, melhora os processos de gestão pública e das organizações do sistema turístico” (Novaes; Feitoza, 2014, p.17).

No contexto do planejamento estratégico, “como ferramentas de integração, discussão e compartilhamento de informações entre segmentos sociais, os observatórios incluem entre os seus objetivos o monitoramento e avaliação do turismo nos destinos” (Theorga, 2016, p. 15).

Também, com base na teoria da gestão organizacional, o observatório é “forma de organização para o planejamento e o monitoramento do desenvolvimento do turismo de forma participativa, cuja metodologia integra diferentes olhares em um comitê gestor que atua como uma instância de governança local para o turismo” (Souza; Mollo, 2009, p.1).

A caraterística de modelo de análise verifica-se na definição de que observatório é “um relatório de uma conjuntura que, como todos, fornece informações sobre um campo específico de atividade humana, o turismo, o que ajuda a tomada de decisões e o desenvolvimento do planejamento” (Bernier, 2009 apud Santagáta, 2011).

Na visão holística da dinâmica das relações de produção científica, observatórios são “sistemas integrados de informação, estudo, pesquisa e monitoramento de turismo em um destino turístico”.

No campo do turismo, “o observatório é um instrumento, que permite conhecer a posição do setor do turismo do início para realizar o acompanhamento da sua evolução” (Pérez; Cornejo; Ramírez, 2011, p. 2). Ainda, em relação à aplicação teórico-prática do observatório, “esse conhecimento informativo é básico para formular ações de melhoria da competitividade e da sustentabilidade econômica, social e ambiental do setor, para as tendências da demanda e a valorização inovadora dos recursos turísticos” (Pérez; Cornejo; Ramírez, 2011, p. 2).

Aspectos gerenciais e geográficos compõem o conceito abrangente, de que observatórios “são dispositivos de observação criados por organizações públicas ou privadas para acompanhar a evolução de um fenômeno ou questão estratégica, tanto no tempo como no espaço [...]”.

Com a ideia metafórica de sua função na atividade, “os observatórios turísticos constituem o termômetro de um destino turístico” (Valero et al., 2013, p. 8).

Nos cenários dos mercados turísticos, os observatórios “permitem monitorar as informações sobre entidades do setor, o que é uma vantagem competitiva, porque permite uma comparação com outros destinos para se antecipar assim à concorrência e desenvolver estratégias que aumentem a sustentabilidade” (Valero et al., 2013, p. 8).

Com o objetivo de desenvolvimento do turismo, o observatório é “estrutura privilegiada para acompanhar os mercados, integrar informações e respaldar as políticas nacionais e setoriais e a atuação dos atores sejam, com base em conhecimento técnico para vantagens comparativas” (Mendes; Guerreiro, 2016, p. 94).

Outras estratégias para o mesmo objetivo são identificadas na descrição de que os observatórios “favorecem a participação social, o estabelecimento de redes de conhecimento e o apoio à elaboração e interpretação dos resultados das políticas públicas, das iniciativas privadas, territorialmente implementadas, e do desenvolvimento sustentável dos destinos turísticos” (Theorga, 2016, p. 15).

As instituições de ensino e pesquisa podem articular a criação e coordenar os observatórios, porque são monitoras e mediadoras do desenvolvimento, como estrategistas da mobilização, participação, definição de funções e de responsabilidades do processo interativo de planejamento e gestão do turismo regional.

As experiências recentes e inovadoras têm viabilizado as visões teóricas de fortalecimento da cooperação e atendem às expectativas dos atores setoriais de realização de objetivos comuns e conquista de retornos coletivos.


Referência


BREGOLIN, Michel. Inteligência territorial em turismo: aplicação do sistema de capitais para análise de observatórios de turismo da Europa e da América Latina. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Administração. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Universidade de Caxias do Sul, 2018.

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